Perguntas frequentes > Anticoncepção em tempos de COVID-19
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Mulheres suspeitas de COVID-19 ou com diagnóstico confirmado de COVID-19, podem iniciar o uso de métodos anticoncepcionais no pós-parto imediato ou nas primeiras 48 horas pós-parto?
Sim. Respeitando a escolha livre e informada, as mulheres podem iniciar um método anticoncepcional logo após o parto se as condições clínicas o permitem. Durante a pandemia, os provedores devem privilegiar o uso de métodos que podem ser iniciados no pós-parto imediato ou no período pós-parto precoce, para todas as mulheres. Essa é a melhor medida para evitar novas consultas para iniciar o método diminuindo, assim, a possibilidade de infecção pelo novo coronavírus.
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O uso da injeção trimestral de progestogênio pode ser iniciado no pós-parto imediato, mesmo antes da alta hospitalar, durante a emergência sanitária da COVID-19?
Durante a pandemia, sim. O benefício de iniciar o uso, antes de sair da maternidade, de um método muito seguro, que dura três meses, excede o risco potencial de o recém-nascido ser afetado pela presença de DMPA no leite, caso a mulher esteja amamentando. Fora do período da pandemia, os critérios médicos de elegibilidade estabelecem que a injeção deve ser aplicada depois de 6 semanas após o parto, nas mulheres amamentando.
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Há algum método contraceptivo que não deve ser usado em mulheres com COVID-19?
Não, não há nenhum método formalmente contraindicado para uma mulher infectada com COVID-19. No entanto, para as mulheres usando a pílula combinada (ACO) é recomendável que suspendam a pílula se testam positivo para novo coronavírus ou um quadro suspeito de COVID-19. O risco de desenvolver microtrombose é alto e a microtrombose pode ser agravada pelo uso da pílula. Lembrar que, segundo os critérios médicos de elegibilidade da OMS, as mulheres em alto risco de doença tromboembólica não devem usar pílula combinada nem quaisquer outros métodos que contenham estrogênio.
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Qual a recomendação para uma mulher que consulta porque ela quer substituir seu DIU com cobre após 10 anos de uso?
Durante a pandemia, com as restrições de mobilidade e isolamento social, a recomendação é manter o DIU e trocá-lo após as condições dos serviços de saúde terem melhorado e o risco de disseminação da infecção ter diminuído. O DIU com cobre mantém o mesmo alto nível de eficácia contraceptiva pelo menos um ano após a data recomendada para a troca.
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Que recomendação deve ser feita a uma mulher que consulta porque ela quer trocar o seu implante, que foi insertado há quase três anos?
O único implante disponível no Brasil, na sua bula, indica que ele deve ser substituído por um novo implante aos três anos de uso porque, depois de esse prazo a eficácia diminui muito. No entanto alguns estudos, patrocinados e coordenados pela OMS têm mostrado que a eficácia do método dura, pelo menos, quatro anos. Estudos recentes mostram que a eficácia dura cinco anos. Durante a pandemia, a melhor recomendação é adiar a remoção ou troca do implante até que as condições dos serviços de saúde tenham sido recuperadas e o risco de infecção para o novo coronavírus tenha diminuído.
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Qual é a recomendação ou aconselhamento para uma mulher que vem à consulta solicitando a remoção do DIU ou implante porque ela quer engravidar e não tem ou não teve sintomas de COVID-19?
Antes de tudo, é importante lembrar que as nossas recomendações devem ter em conta o respeito aos direitos sexuais e direitos reprodutivos da mulher, incluindo o direito a ter ou não ter filhos, quantos filhos ter e quando tê-los. Entretanto, também temos a obrigação de entregar toda a informação disponível sobre os riscos de engravidar durante a pandemia, incluindo os riscos derivados da sobrecarga dos serviços de saúde pela pandemia. Nesse contexto, devemos mostrar, da maneira mais realista possível, os diferentes cenários que provavelmente teremos que enfrentar, e facilitar a reflexão para que ela tome uma decisão bem informada avaliando os prós e os contras de engravidar antes que a pandemia esteja controlada.
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Os medicamentos que são "comumente" usados para tratar a COVID-19 podem interferir com a eficácia dos métodos contraceptivos hormonais?
Não. Os medicamentos que são comumente usados para tratar a COVID-19 incluem antibióticos, anticoagulantes e medicamentos antirretrovirais. Nenhum desses medicamentos reduz a eficácia dos métodos anticoncepcionais hormonais.
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Qual é a conduta apropriada para uma mulher que toma injeção mensal, mas o método está em falta? Pode ser oferecida a injeção trimestral, pelo menos até que o abastecimento da injeção mensal tenha sido restabelecido?
Sim. Obviamente é necessário explicar as diferenças entre os dois métodos, principalmente o intervalo entre as injeções e as características dos sangramentos, que podem ser bem diferentes. Explicar também que, se a mulher não tem nenhuma condição médica que contraindique o uso da injeção mensal, também não tem para a injeção trimestral. Pode-se aplicar a injeção trimestral no mesmo dia em que deveria tomar a injeção mensal; não é necessário esperar a menstruação.
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As unidades de saúde podem entregar a pílula anticoncepcional de emergência (PAE) sem realizar consulta médica?
Sim. As unidades de saúde devem entregar a PAE às mulheres que a solicitam. É importante confirmar se a relação sexual aconteceu há menos de cinco dias, porque depois desse prazo o método não tem eficácia. Lembrar que, se a PAE está em falta, pode-se oferecer o método de Yuzpe (pílula combinada monofásica de 30 mcg de etinil estradiol com 150 mcg de levonorgestrel). Nesse caso a mulher deve tomar quatro comprimidos o mais logo possível depois da relação desprotegida e outras quatrro pílulas depois de 12 horas da primeira dose.