Anticoncepcionais Orais Combinados
- DefiniçãoSão comprimidos que contêm doses baixas de dois hormônios sintéticos – um estrogênio e um progestogênio – que têm efeitos semelhantes aos hormônios produzidos durante o ciclo menstrual (estrogênio e progesterona). A primeira pílula registrada nos Estados Unidos continha o estrogênio mestranol. Atualmente, a grande maioria das pílulas no mundo e no Brasil contêm o estrogênio etinilestradiol, em combinação com levonorgestrel, desogestrel, gestodeno, drospirenona, ciproterona e clormadinona. No Brasil também há pílulas combinadas com estradiol ou valerato de estradiol, que é um estrogênio natural, disponíveis nas farmácias.
De acordo com a dose de etinilestradiol, as pílulas combinadas monofásicas classificam-se em quatro categorias:
• Dose média: 50mcg de etinilestradiol*
• Dose baixa:30-35mcg de etinilestradiol
• Dose muito baixa: 20 mcg de etinilestradiol
• Dose ultra baixa: 15 mcg de etinilestradiol
*As pílulas com dose média (50mcg de etinilestradiol) não são recomendadas e desapareceram do mercado em quase todos os países. No Brasil não são oferecidas pelo SUS e não estão disponíveis nas farmácias. As mais utilizadas, que constituem a primeira opção, são as de baixa dose, com 30 mcg de etinilestradiol e 150mcg de levonorgestrel. Esta formulação é a que apresenta menor risco para a saúde.
Além disso, embora a frequência de eventos adversos com as pílulas com 20mcg ou menos de etinilestradiol pudesse, teoricamente, ser menor, as evidências atuais não demonstram vantagens significativas. Ao contrário, as usuárias de doses muito baixas têm taxas de descontinuação de uso mais altas por alterações do sangramento (Cochrane Syst Review, 2011).
Muitos provedores recomendam as pílulas de dose muito baixa ou ultra baixa como especialmente apropriadas para adolescentes. Não há, entretanto, nenhuma evidência científica de que essas doses apresentem vantagens sobre a pílula de 30 mcg de etinilestradiol e 150 mcg de levonorgestrel para o uso nessa população.
Tipos de pílulas combinadas:
De acordo com o esquema de uso, podem ser:
• Monofásicas: todas as pílulas ativas têm a mesma composição; são as de primeira escolha. Estão disponíveis nas seguintes apresentações:
- Cartelas com 21 pílulas ativas;
- Cartelas com 28 pílulas (21 ativas e 7 placebos);
- Cartelas com 28 pílulas (24 ativas e 4 placebos).
• Bifásicas: pílulas ativas de 2 cores diferentes que contêm os mesmos hormônios em proporções diferentes. Algumas apresentações são de cartelas com 28 pílulas com 7 de placebo. Devem ser tomadas obrigatoriamente na ordem indicada na cartela.
• Trifásicas: pílulas ativas com três diferentes cores com os mesmos hormônios em proporções diferentes. Devem ser tomadas obrigatoriamente na ordem indicada na cartela.
Nas pílulas bifásicas e trifásicas, a composição hormonal diferente tenta imitar o comportamento fisiológico do ovário, de tal maneira que a dose de progestogênio no início é menor do que ao final do ciclo. Por isso, é necessário que a mulher respeite a ordem de administração dos comprimidos, o que torna mais difícil seguir o esquema e pode ser causa de erros na maneira de toma-las. Apesar do pretenso efeito favorável ao imitar os níveis hormonais do ciclo menstrual, essas pílulas não apresentam nenhuma vantagem sobre as monofásicas; não são mais eficazes nem apresentam taxas menores de efeitos secundários.
As pílulas bifásicas e trifásicas não constam da lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde.
Para maiores informações, clique aqui. - Mecanismo de AçãoO uso da pílula, tomada de maneira correta, inibe a ovulação em quase a totalidade dos ciclos. Os hormônios alcançam um nível sanguíneo que, sem impedir o crescimento ovular, bloqueiam o pico de LH pré-ovulatório, o qual inibe a ruptura folicular e liberação do óvulo. Além disso, o muco cervical se mantém viscoso e escasso durante todo o ciclo, o que dificulta a subida dos espermatozoides até o útero.
- Eficácia e taxa de continuaçãoA efetividade da pílula depende da maneira como é usada. Quando usada de acordo com as instruções, sem esquecer a ingestão diária, a probabilidade de gravidez é de uma de cada 300 usuárias no primeiro ano de uso (taxa de gravidez de 0,3 por 100 mulheres no primeiro ano). Estudos realizados na população geral mostram que, em uso comum, 7 de cada 100 mulheres que tomam a pílula engravidam no primeiro ano. Essa grande diferença de efetividade entre o uso perfeito e o uso comum deve-se, fundamentalmente, a erros no modo de uso (esquecimento). O risco mais alto é descansar 10 dias ou mais entre duas cartelas (começar a tomar 3 dias ou mais depois do indicado), em vez de 7, como é a recomendação, ou esquecer de tomar três ou mais pílulas seguidas.
O retorno da fertilidade, ao nível normal, é rápido após a interrupção do uso. Uma publicação recente mostra que entre 79,4 e 96% das usuárias que suspenderam a pílula para engravidar, engravidaram no primeiro ano. Essas porcentagens são semelhantes à fertilidade de mulheres que não usam métodos anticoncepcionais ou que suspenderam o uso de métodos de barreira (Mansour et al., 2011).
Não há aumento do risco de malformações congênitas ou gravidez gemelar nas gestações subsequentes ao uso de pílula (Pardthaisong et al, 1988).
- Eficácia e taxa de continuaçãoA efetividade da pílula depende da maneira como é usada. Quando usada de acordo com as instruções, sem esquecer a ingestão diária, a probabilidade de gravidez é de uma de cada 300 usuárias no primeiro ano de uso (taxa de gravidez de 0,3 por 100 mulheres no primeiro ano). Estudos realizados na população geral mostram que, em uso comum, 7 de cada 100 mulheres que tomam a pílula engravidam no primeiro ano. Essa grande diferença de efetividade entre o uso perfeito e o uso comum deve-se, fundamentalmente, a erros no modo de uso (esquecimento). O risco mais alto é descansar 10 dias ou mais entre duas cartelas (começar a tomar 3 dias ou mais depois do indicado), em vez de 7, como é a recomendação, ou esquecer de tomar três ou mais pílulas seguidas.
- Efeitos colaterais, riscos e benefícios
- Efeitos ColateraisAlgumas usuárias apresentam:
• Alterações no padrão de sangramento, incluindo sangramento menos intenso e de menor duração, sangramento irregular ou infrequente, amenorreia.
• Cefaleias
• Náuseas
• Sensibilidade mamária
• Alterações do peso (pode aumentar o diminuir, mas em geral não altera)
• Alterações do humor
• Acne (pode melhorar ou piorar, mas em geral melhora)
• Outras alterações físicas possíveis: aumento leve da pressão arterial que não constitui hipertensão arterial. Quando o aumento da pressão se deve ao uso da pílula combinada, a pressão arterial se normaliza rapidamente com a interrupção do uso. - Riscos para a saúdeMuito raros: trombose venosa profunda e embolia pulmonar
Extremamente raros: acidente vascular cerebral e infarto agudo do miocárdio
Uso de pílula combinada e risco para tromboembolismo venoso:
Uma meta-análise publicada pela OMS em março 2016 incluiu 26 estudos para comparar diferentes gerações de pílula combinada e risco para tromboembolismo venoso. Todas as formulações de pílula foram associadas a risco pelo menos 2 vezes maior comparado ao risco de não usuárias.
O tamanho do efeito foi dependente do tipo de progestogênio e da dose do etinilestradiol. O risco para pílulas contendo 30-35 mcg de etinilestradiol + gestodeno, desogestrel, ciproterona e drospirenona foi 50-85% maior do que as com etinilestradiol + levonorgestrel.
As apresentações com maior risco foram as que continham 50 mcg de etinilestradiol + levonorgestrel. As de menor risco foram as que continham 20 mcg de etinilestradiol + levonorgestrel ou gestodeno. Ao final, a OMS recomenda a prescrição de anticoncepcional oral com a menor dose possível de etinilestradiol e melhor aderência, que são as formulações contendo 30 mcg de etinilestradiol + levonorgestrel.
A mulher deve ser também orientada que o risco de tromboembolismo venoso está aumentado em outras condições de saúde comuns, como a gravidez e o puerpério, que aumentam o risco em quase 5 vezes (gravidez) e pelo menos 84 vezes (até 6 semanas pós-parto) quando comparado com não grávidas. Por outro lado, a trombose venosa profunda é um evento pouco comum, com incidência estimada de 0,5-1,0/1.000 pessoas/ano.
(MEGA study 2008, Lidegaard 2011, https://extranet.who.int/rhl/topics/fertility-regulation/contraception/combined-oral-contraceptives-and-venous-thrombosis).
Fatos sobre uso de pílula e risco de câncer:
O risco global de desenvolvimento de câncer ao longo da vida é semelhante entre mulheres que usaram pílula e mulheres que não usaram. Usuárias de pílula podem ter um leve aumento no risco para alguns tipos de câncer, mas também têm diminuição a longo prazo para outros tipos de câncer.
Câncer de ovário e câncer de endométrio:
O uso da pílula protege contra esses dois tipos de câncer e a proteção se mantém por 15 anos ou mais depois da interrupção do uso.
Câncer de mama:
Os estudos são de difícil interpretação. Os estudos demonstram que mulheres que usaram pílula combinada por mais de 10 anos apresentam o mesmo risco para câncer de mama de mulheres que nunca usaram. Em contraste, alguns estudos mostram que usuárias atuais de pílula e mulheres que usaram nos últimos 10 anos apresentam risco levemente aumentado para câncer de mama. No geral, parece haver pouca diferença no risco ao longo da vida. Não está claro se esses achados são explicados pela detecção precoce de um câncer de mama pré-existente na usuária de pílula ou pelo efeito biológico da pílula sobre o câncer de mama.
O uso prévio de pílula combinada não aumenta o risco para câncer de mama em idade mais tardia, quando o câncer de mama é mais comum.
Quando uma usuária atual ou pregressa de pílula é diagnosticada com câncer de mama, a doença em geral está menos avançada do que os cânceres diagnosticados em outras mulheres.
O uso de pílula combinada não aumenta o risco para câncer de mama em mulheres com parentes que tiveram câncer de mama.
Câncer cervical:
O câncer de colo uterino é causado por alguns tipos de papilomavirus humano (HPV). O HPV é uma infecção sexualmente transmissível comum, que usualmente desaparece sem tratamento, mas algumas vezes persiste e pode evoluir para câncer cervical. O uso de pílula combinada por cinco anos ou mais pode aumentar levemente o risco para câncer cervical. O risco diminui com a interrupção do uso da pílula. Após 10 anos de interrupção, o risco se iguala ao da mulher que nunca usou pílula. O número de casos de câncer cervical associado com o uso de pílula combinada é pequeno.
Outros cânceres:
O uso da pílula pode diminuir o risco para câncer colorretal. Não há evidências de que a pílula diminua ou aumente o risco para qualquer outro tipo de câncer.
http://fphandbook.org/facts-about-combined-oral-contraceptives-and-cancer.
- Benefícios não contraceptivosAlém de proteger contra a gravidez, reduzem o risco para:
• Câncer de endométrio
• Câncer de ovário
• Doença inflamatória pélvica.
Também podem proteger contra cistos de ovário funcionais e anemia por deficiência de ferro.
Reduzem ainda a frequência e a intensidade de dismenorreia, e das irregularidades do ciclo menstrual, a frequência de dor no período ovulatório e do aumento de pelos na face e no corpo.
- Efeitos ColateraisAlgumas usuárias apresentam:
- Modo de uso
- Quem pode usarAs listas a seguir aplicam-se igualmente para mulheres adultas e adolescentes. Toda mulher que, depois da orientação, escolhe a pílula combinada e não está grávida pode usá-la, desde que não tenha nenhuma condição médica para qual o método não seja recomendado neste momento, segundo os critérios médicos de elegibilidade da OMS. Se a mulher apresenta qualquer das condições listadas abaixo, classificadas como categoria 4, não deve usar pílula combinada, porque seu uso representa um risco inaceitável para a saúde. Nesse caso, ela só poderá usar o método se não há outra opção disponível e aceitável e se a gravidez também representa um risco inaceitável para a saúde.
• Pós-parto com menos de 6 semanas lactante
• Pós-parto com menos de 21 dias não lactante com risco de TVP
• 35 anos ou mais e fumante de 15 cigarros/dia ou mais
• Múltiplos fatores de risco cardiovascular
• Hipertensão arterial >=160/100 mmHg
• Doença vascular renal ou cerebral
• Mutações trombogênicas
• AVC atual ou no passado
• Cardiopatia isquêmica atual ou no passado
• Valvulopatia complicada
• Lupus eritematoso sistêmico (anticorpos anticardiolipina positivos ou desconhecidos)
• Enxaqueca com aura, qualquer idade
• Enxaqueca sem aura com idade >=35 anos (para continuar uso)
• Câncer de mama atual
• Diabetes com 20 anos ou mais de evolução ou com lesão vascular
• Cirrose descompensada
• Adenoma hepatocelular
• Hepatite viral aguda
• Câncer hepático
• TVP/embolia pulmonar atual ou no passado, com ou sem tratamento
• Cirurgia de grande porte com imobilização (pode reiniciar 15 depois de recuperar a mobilidade)
Se a mulher apresenta alguma das condições listadas abaixo, classificadas como categoria 3 nos CME da OMS, a pílula não é método de primeira escolha. As mulheres com alguma condição na categoria 3 devem ser advertidas de que o uso da pílula representa um risco de saúde, que seria recomendável a escolha de outro método para o qual a condição de saúde não seja categoria 3 ou 4. Se a mulher insiste em usar o método, porque as outras opções não são aceitáveis para ela, deve-se orientá-la a realizar controles médicos frequentes.
• Pós-parto entre 6 semanas e 6 meses amamentando
• Pós-parto < 21 dias sem fatores de risco para TVP não amamentando
• > 21 dias pós-parto com fatores de risco para TVP
• 35 anos ou mais e fumante < 15 cigarros/dia
• Antecedente de hipertensão quando não se pode avaliar a pressão arterial
• Hipertensão arterial menor que 160/100 mmHg
• Hipertensão arterial controlada
• Enxaqueca sem aura 35 anos ou mais (para iniciar uso)
• Câncer de mama tratado sem doença atual
• Colecistopatia atual ou tratada clinicamente
• Colestase com o uso prévio de pílula combinada
• Terapia antirretroviral com inibidores de protease
• Hiperlipidemias conhecidas
• Uso de anticonvulsivantes (fenitoína, primidona, carbamazepina, lamotrigina)
• Uso de rifampicina
Em geral, a presença de duas condições categoria 3 equivale quase sempre a uma categoria 4. Com duas condições 3, a decisão deve ser cuidadosamente avaliada.Importante lembrar que a pílula combinada não é método de primeira escolha para mulheres amamentando até os 6 meses (categoria 3), porque pode diminuir a quantidade e a qualidade do leite (WHO, 2010).
- Quando começarIMPORTANTE: Uma mulher pode iniciar o uso da pílula em qualquer momento que desejar, sempre que exista uma certeza razoável de que não está grávida. Se não há certeza, recomenda-se usar um método de barreira ou praticar abstinência sexual até a próxima menstruação, quando poderá começar o uso da pílula.
• Se a mulher está menstruando espontaneamente e inicia o uso nos primeiros cinco dias do ciclo, não necessita nenhum método de respaldo. Se já se passaram mais de cinco dias do início da menstruação pode começar a pílula, mas necessita um método de respaldo nos primeiros sete dias de pílula. (Com as pílulas de =<20 mcg de etinil estradiol se recomenda começar o primeiro dia do ciclo)
• Se a mulher está em amenorreia também pode iniciar em qualquer momento se há certeza razoável de que não está grávida, mas deve usar um método de respaldo (preservativo, por exemplo) ou evitar relações sexuais por sete dias.
• Se a mulher está usando adesivo, anel, DIU com cobre, DIU com levonorgestrel ou implante e deseja mudar para a pílula deve começar a tomar imediatamente e parar de usar o método que estava usando. No caso do DIU, pode iniciar a pílula e remover o DIU alguns dias depois se não é possível retira-lo imediatamente. Não é necessário esperar a próxima menstruação. Não é necessário um método de respaldo. Se está deixando os injetáveis, deve iniciar a pílula na data em que deveria repetir a injeção. Não é necessário método de respaldo.
• A mulher pode iniciar a pílula imediatamente depois (inclusive no mesmo dia) de um aborto, espontâneo ou provocado. Não necessita proteção anticoncepcional adicional.
- Esquemas de uso
Os serviços deverão implementar mecanismos administrativos para entregar o suficiente para três meses em cada consulta e preservativos para o mesmo período se a mulher usar dupla proteção.
Mostre uma cartela e explique o modo de uso, incluindo as instruções sobre as pílulas placebo quando for o caso.
Explique que ela deve tomar uma pílula por dia até terminar a cartela. Sugira métodos para facilitar que ela se lembre de tomar a pílula, por exemplo, associando a ingestão da pílula com uma atividade diária (como escovar os dentes antes de dormir, por exemplo) ou programar notificações ou alarmes para não esquecer (no telefone celular, por exemplo). É conveniente, mas não obrigatório, tomar as pílulas mais ou menos no mesmo horário para que seja mais fácil recordar.
Quando começar uma nova cartela:
• Cartelas com 21 pílulas: Depois de tomar a última pílula da cartela deverá passar 7 dias sem tomar pílula (sete dias de descanso). Depois, no oitavo dia depois de ter terminado a cartela anterior, deve tomar a primeira pílula de uma nova cartela.
• Cartelas com 28 pílulas: Ao terminar uma cartela, deverá tomar a primeira pílula da nova cartela no dia seguinte. Se, por alguma razão começa uma nova cartela antes de completar sete dias de descanso, não importa, deve seguir tomando uma pílula por dia. Começar um antes do programado, ou seja, ter um descanso mais curto, não tem importância.
Muito importante:
• É muito importante começar a nova cartela no momento correto ou antes. O atraso aumenta o risco de gravidez.
• Não é necessário parar de tomar a pílula por um ou dois ciclos cada certo tempo. As pílulas devem ser tomadas todos os ciclos durante todo o período em que a mulher precise de proteção contra a gravidez. Pode tomar a pílula por tanto tempo quanto seja necessário sem que isso seja um risco para a saúde. Só deve parar o uso da pílula se deseja engravidar ou aparece uma condição médica que seja categoria 3 ou 4 para a pílula de acordo aos CME da OMS.
Importante: Explique que os anticoncepcionais orais combinados não protegem contra infecções sexualmente transmissíveis /Aids; explique o que é e a importância da dupla proteção e estimule seu uso. As instituições devem garantir que as mulheres recebam também preservativos para dupla proteção.
Mesmo que a mulher não use dupla proteção forneça preservativos, porque algumas vezes a mulher poderá necessitar de um método de respaldo como, por exemplo, se esquece três pílulas ou mais. Nesse caso, se não puder usar preservativos, deverá manter-se em abstinência.
Uso Prolongado e uso contínuo dos Anticoncepcionais Orais Combinados
Além do modo de uso já descrito, as pílulas combinadas de baixa dose podem ser usadas de outras duas maneiras:
Uso prolongado: consiste em tomar as pílulas durante 12 semanas, seguido de um descanso de sete dias a cada 12 semanas.
Uso contínuo: consiste em tomar as pílulas todos os dias sem interrupção. Se tiver sangramento parecido com uma menstruação, descansar quatro dias e recomeçar o uso no quinto dia até que tenha outro sangramento, quando deverá repetir o procedimento. Por que algumas mulheres escolhem o uso prolongado ou contínuo?
- Porque a mulher tem quatro menstruações ou menos por ano (pode ter períodos de mais de um ano sem menstruar)
- Reduz a frequência de cefaleias, síndrome pré-menstrual, alterações do humor e sangramento abundante ou doloroso que apareceria durante a semana de descanso.
Entretanto, o sangramento irregular pode durar vários meses, especialmente em mulheres que nunca tomaram pílulas combinadas.
Instruções para o uso prolongado: as pílulas têm que ser monofásicas e nunca usar cartelas com pílulas de placebo (se tiver só cartelas com placebo, elimine essas pílulas).
1. Deve tomar 84 pílulas com hormônios sem descansar.
2. Descansar sete dias depois de completar 84 pílulas (12 semanas). Não necessita método de respaldo nos dias de descanso.
3. Começar a cartela seguinte depois dos sete dias de descanso.
Instruções para o uso contínuo: as pílulas também têm que ser monofásicas.
Tomar uma pílula a cada dia até que apresente um sangramento; parar de tomar por quatro dias e recomeçar o uso diário no quinto dia. Repetir o procedimento sempre que tenha um sangramento parecido com a menstruação.
Manejo dos problemas de uso da pílula
Se começou uma cartela nova um ou dois dias mais tarde ou esqueceu uma ou duas pílulas:
• Se toma pílulas de 35-30 mcg de estrogênio: tomar uma pílula assim que possível, descartar a outra pílula esquecida e continuar tomando a cartela todos os dias até completar a mesma. Não necessita método de respaldo.
• Se toma pílulas de 20 mcg ou menos de estrogênio: tomar uma pílula assim que possível, descartar a outra pílula esquecida, continuar tomando a cartela normalmente e usar um método de respaldo nos próximos sete dias. Se teve sexo sem proteção nos últimos cinco dias, deve tomar também anticoncepção de emergência.
Se atrasou o começo de uma nova cartela três dias ou mais ou esqueceu três ou mais pílulas na primeira ou segunda semana (pílulas de 15-20 ou 30-35 mcg): tomar uma pílula esquecida assim que possível, descartar as demais pílulas esquecidas, continuar tomando o resto da cartela normalmente e usar um método de respaldo nos próximos sete dias. Se teve sexo sem proteção nos últimos cinco dias, tomar também anticoncepção de emergência.
As pílulas de placebo esquecidas podem ser descartadas.
Embora não seja um problema de uso, vômitos graves ou diarreia podem interferir com a eficácia. Para reduzir a possibilidade de gravidez oriente: • Se vomita dentro de duas horas depois de tomar as pílulas, deve tomar outra pílula da cartela assim que possível e continuar tomando as pílulas como sempre.
• Se tem vômitos ou diarreia por dois dias ou mais, deve continuar tomando a pílula e usar um método de respaldo até a próxima menstruação.
É importante lembrar que o único antibiótico que diminui a eficácia da pílula é a rifampicina. Os antibióticos de amplo espectro não reduzem a eficácia da pílula nem provocam irregularidades menstruais.
- Quem pode usarAs listas a seguir aplicam-se igualmente para mulheres adultas e adolescentes. Toda mulher que, depois da orientação, escolhe a pílula combinada e não está grávida pode usá-la, desde que não tenha nenhuma condição médica para qual o método não seja recomendado neste momento, segundo os critérios médicos de elegibilidade da OMS. Se a mulher apresenta qualquer das condições listadas abaixo, classificadas como categoria 4, não deve usar pílula combinada, porque seu uso representa um risco inaceitável para a saúde. Nesse caso, ela só poderá usar o método se não há outra opção disponível e aceitável e se a gravidez também representa um risco inaceitável para a saúde.
- Acompanhamento clínico
Os provedores de saúde devem dizer às usuárias que serão bem-vindas para retornar em qualquer momento – por exemplo, se tem algum problema, dúvidas ou quer trocar de método, se apresenta algum problema de saúde ou suspeita de gravidez. Ela também deverá retornar se necessita de mais pílulas ou de anticoncepção de emergência. Caso a mulher busque um serviço de saúde por algum problema sério de saúde ela deverá informar o profissional de saúde sobre o método que está usando, ainda que o método não seja a causa da sua condição de saúde.
A mulher deve ser encorajada a retornar para obter cartelas de pílulas antes que seu estoque acabe. Recomenda-se uma consulta anual, mas algumas mulheres podem beneficiar-se de uma consulta após três meses do início do uso; é uma oportunidade para discutir dúvidas, auxiliar na solução de problemas e verificar o uso correto.
IMPORTANTE: A orientação sobre as alterações das características do sangramento e outros efeitos colaterais é fundamental para a satisfação das usuárias com o método.
Explique sobre os efeitos colaterais mais comuns:
Nos primeiros meses: sangramento inesperado (irregular), menstruações menos intensas, mais curtas e mais regulares, cefaleia, sensibilidade mamária, alterações do peso.
Explique que os efeitos colaterais não são sinais de doença, a maioria das mulheres não os apresentam e, em geral, desaparecem nos primeiros meses de uso.
Explique o que fazer caso apresente algum desses efeitos:
• Continue tomando as pílulas até a próxima consulta. Se esquecer de tomar alguma pílula corre risco de gravidez e pode apresentar ou piorar alguns efeitos colaterais.
• A ingestão da pílula todos os dias no mesmo horário ajuda a reduzir o risco de esquecimento e poderia contribuir para evitar o sangramento irregular.
• Tomar a pílula com algum alimento ou ao deitar-se para diminuir ou evitar as náuseas.
Manejo dos Efeitos Colaterais
Sangramento irregular: tranquilize-a explicando que algumas mulheres que usam a pílula apresentam sangramento irregular. Não é prejudicial e, em geral, torna-se mais leve ou desaparece depois de poucos meses de uso. Investigue se há outras causas que possam explicar o sangramento irregular como, por exemplo: esquecimento das pílulas, ingestão da pílula em horários variáveis, vômitos e diarreia, ingestão de anticonvulsivantes ou rifampicina.
Para diminuir o sangramento irregular:
• Oriente para tomar a pílula todos os dias no mesmo horário;
• Explique como compensar as pílulas esquecidas de maneira correta, e também se vomitar ou tiver diarreia;
• Pode-se obter um alívio modesto e breve com ibuprofeno 400mg 3 vezes ao dia após refeição durante 5 dias ou outro anti-inflamatório não esteroide (AINE), começando no início do sangramento irregular.
• Se está tomando a pílula por mais de seis meses e não melhora com os AINE, indique outra formulação de pílula que esteja disponível.
• Oriente para que experimente a nova pílula por três meses, no mínimo.
• Se o sangramento irregular continua, ou se reaparece depois de normalizado, investigue se há alguma patologia subjacente não relacionada com o uso do método.
Amenorreia: Pergunte se não tem nenhum sangramento ou um sangramento escasso e explique que algumas mulheres que tomam pílula não menstruam mas isto não é um problema. Explique que não é necessário sangrar todos os meses e que o sangue não se acumula no corpo. Pergunte se está tomando a pílula todos os dias; se está, explique que é improvável que esteja grávida e pode continuar tomando a pílula como antes. Se não fez a pausa entre as cartelas de 21 comprimidos ou se descartou as pílulas de placebo, explique que não está grávida e que pode continuar tomando a pílula.
Se esqueceu de tomar as pílulas ou iniciou uma nova cartela mais tarde:
• Pode continuar tomando as pílulas;
• Investigue a possibilidade de gravidez se esqueceu três ou mais pílulas ou começou uma nova cartela com atraso de três dias ou mais.
Cefaleias (excluindo enxaqueca) Tente o seguinte (sequencialmente):
1. Ibuprofeno (200-400 mg cada 6 horas), paracetamol (500 mg cada 6 horas), ácido acetilsalicílico (500mg cada 6 horas) ou outro analgésico (AINE).
Algumas mulheres têm cefaleia durante a semana de pausa; nesse caso, considere o uso prolongado. É importante investigar qualquer cefaleia que piore ou apareça com o uso da pílula.
Náuseas: Para as náuseas, sugira que tome as pílulas com algum alimento ou ao deitar-se. Se os sintomas continuam, considere tratar com medicamentos. Se as náuseas aparecem no início de uma nova cartela, considere o uso prolongado.
Dor ou sensibilidade mamária: Recomende o uso de sutiãs firmes, inclusive para atividades físicas e para dormir, compressas frias ou quentes. Se necessário, sugira: ibuprofeno (200-400 mg cada 6 horas), paracetamol (500 mg cada 6 horas), ácido acetilsalicílico (500mg cada 6 horas) ou outro analgésico. Considere medicamentos disponíveis localmente.
Alterações do peso: avalie dieta e hábitos e oriente de acordo com as necessidades.
Alterações do humor e da libido: algumas mulheres apresentam alterações de humor durante a semana de pausa; nesse caso, considere o uso prolongado. Pergunte sobre eventuais mudanças em sua vida que poderiam afetar seu humor ou sua libido, incluindo mudanças no relacionamento do casal; ofereça apoio, se for o caso. As usuárias com alterações sérias do humor, tais como depressão, devem ser encaminhadas para atenção adequada.
Acne: Em geral, a acne tende a melhorar com o uso da pílula, mas pode piorar em algumas mulheres. Se está tomando a pílula há alguns meses e a acne persiste, tente outra composição por, no mínimo, três meses. Considere encaminhar ao dermatologista.
- Perguntas Frequentes
- Referências1. Lidegaard Ø, Nielsen LH, Skovlund CW, Skjeldestad FE, Løkkegaard E. Risk of venous thromboembolism from use of oral contraceptives containing diferente progestogens and oestrogen doses: Danish cohort study, 2001-9. BMJ, 25: 343, 2011
2. Mansour D, Gemzell-Danielsson K, Inki P, Jensen JT. Fertility after discontinuation of contraception: a comprehensive review of the literature. Contraception 84(5):465-77, 2011.
3. Pardthaisong T, Gray RH, McDaniel EB, Chandacham A. Steroid contraceptive use and pregnancy outcome. Teratology, 38:51-8, 1988.
4. Pomp ER, Lenselink AM, Rosendaal FR, Doggen CJ.
Pregnancy, the postpartum period and prothrombotic defects: risk of venous thrombosis in the MEGA study. J Thromb Hemost, 6(4):632-7, 2008
5. WHO Model Lists of Essential Medicines. In:
http://www.who.int/medicines/publications/essentialmedicines/en/.(acessado em 27 de fevereiro de 2018)
6. WHO Reproductive Health Library: Combined Oral Contraceptives and venous thrombosis: RHL summary (last revised 21 March 2016). The WHO Reproductive Health Library; Geneva: World Health Organization.
7. World Health Organization Department of Reproductive Health and Research (WHO/RHR) and Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health/Center for Communication Programs (CCP), Knowledge for Health Project. Family Planning: A Global Handbook for Providers (2018 update). Baltimore and Geneva: CCP and WHO, 2018.
8. World Health Organization. Medical Elegibility criteria for contraceptive use. A WHO Family Planning cornerstone. Fifth Edition, 2015.