Dupla Proteção
- DefiniçãoDupla proteção é a prevenção simultânea contra a gravidez e contra infecções sexualmente transmissíveis (IST), incluindo o HIV-Aids.
A necessidade de se praticar a dupla proteção ficou cada vez mais evidente depois do aparecimento da epidemia de HIV-Aids e do aumento, cada vez maior, de infecções sexualmente transmissíveis em mulheres, com a constatação de que os anticoncepcionais usados pela população não protegiam contra essas infecções.
Os preservativos, masculino e feminino, são os únicos métodos que oferecem dupla proteção, ou seja, protegem simultaneamente de uma gravidez e das infecções sexualmente transmissíveis.
Desde a segunda metade da década de 1980, visando combater o aumento significativo da frequência de infecções sexualmente transmissíveis, as autoridades de saúde em todo o mundo começaram a promover o uso de preservativos para diminuir essas infecções. - Orientações sobre o uso da dupla proteçãoExistem duas alternativas para a prática da dupla proteção:
Alternativa A.
Preservativo masculino ou feminino mais pílula de anticoncepção de emergência (PAE) para ser usada em caso de o preservativo não ser usado ou houver uma ruptura ou deslocamento do preservativo.
As mulheres que escolhem esta alternativa de usar o preservativo masculino ou feminino como dupla proteção devem receber a informação de que o preservativo é um método de fácil acesso, isento de efeitos colaterais e sem risco para a saúde. Entretanto, muitos homens ainda não aceitam seu uso, em geral, por mitos e preconceitos ligados à sexualidade e à cultura machista.
Também devem ser informadas sobre a eficácia do preservativo. Os estudos mostram que o preservativo tem uma eficácia anticoncepcional média, com um índice de falha que varia entre 2 gravidezes por cada 100 mulheres que usam o método corretamente e em todas as relações (essa taxa é obtida nos estudos científicos) e 13 gravidezes de cada 100 casais que usam o preservativo em uso rotineiro (ou seja, como é usado na vida real), e as taxas de gravidez são maiores com o preservativo feminino.
A aceitação do preservativo como único método para obter a dupla proteção é baixa, devido ao temor de uma gravidez não planejada. Muitas mulheres que querem uma eficácia alta com o método anticoncepcional decidem não escolher o preservativo como método único e escolhem a alternativa B.
As mulheres que escolhem usar esta alternativa de dupla proteção, deverão aprender a usar o preservativo e saber como usar a PAE, em caso de não uso ou ruptura ou deslocamento do preservativo. A orientação é que a mulher deve tomar a PAE logo após a relação sexual desprotegida ou detectar a ruptura ou deslocamento do preservativo. Elas devem saber que a PAE pode ser utilizada até 5 dias depois da relação sexual desprotegida, entretanto, é mais efetiva quanto mais curto seja o tempo entre a relação sexual e a ingesta da pílula.
A pílula de emergência deve ser entregue para a mulher junto com os preservativos, de maneira que, caso ocorra alguma relação sexual desprotegida por não uso ou ruptura do preservativo, ela possa tomar a PAE o mais logo possível para conseguir uma maior eficácia. É importante que as mulheres que usam esta modalidade recebam duas doses de PAE para garantir a toma da dose correta no caso de vomitar a primeira dose antes de duas horas da ingestão.
Alternativa B
A mulher usa um método de alta eficácia, hormonal ou DIU com cobre de forma contínua, e preservativo feminino ou masculino em todas as relações.
Esta alternativa consiste em combinar um método anticoncepcional para evitar a gravidez e o preservativo para evitar as IST/HIV-Aids. Embora esta alternativa utilize dois métodos, tem melhor aceitação porque é de eficácia anticoncepcional mais alta. É muito importante que a orientação seja muito clara no sentido de que o uso do preservativo deve ser em todas as relações para não diminuir seu efeito preventivo de infecções.
Orientação sobre o uso da dupla proteção.
Os/as provedores/as de saúde têm que ser proativos na oferta da dupla proteção, para todas as mulheres, com ou sem parceiro fixo, que solicitam um método anticoncepcional.
É importante lembrar que muitos casos de infecções sexualmente transmissíveis, inclusive de infecção pelo HIV, ocorrem em mulheres que têm um parceiro fixo no qual elas confiam. Os/as profissionais de saúde devem dar informações e facilitar o empoderamento das mulheres para que elas consigam ter argumentos e serem assertivas na exigência do uso do preservativo.
A orientação sobre a dupla proteção deve ser realizada de preferência com o parceiro sexual, porque se o homem compreende melhor a importância da dupla proteção pode usar de maneira correta e consistente o preservativo e ter uma melhor eficácia. - Acompanhamento das mulheres que adotam a dupla proteçãoÉ muito importante que os e as provedores/as de saúde em todas as visitas de retorno, reforcem a orientação da necessidade de usar preservativo em todas as relações, porque pode bastar uma relação sem seu uso para contrair uma infecção sexualmente transmissível.
Os serviços de saúde devem estar sempre disponíveis para resolver todas as dúvidas das usuárias e à disposição para oferecer outro método anticoncepcional, caso a mulher ou casal queira trocar de método.